Nota biográfica – Luísa Sequeira
Realizadora e produtora cultural, com especialização em realização de documentários. Iniciou a carreira em Moçambique. Durante 10 anos trabalhou em televisão produzindo e coordenando vários projectos. Frequentou o curso de Communicatiewetenschap na Katholieke Universitie Nijmegen na Holanda. Escreveu a monografia “ A evolução da televisão em Moçambique- O caso TVM”.
De 2001 até 2012 trabalhou na RTP, como jornalista e coordenadora de projetos, entre eles destaca-se o programa “Fotograma” um magazine dedicado ao cinema.
Coordenou e realizou o “Porto sem Nó”, vencedor do Festival Internacional de Televisão do Rio de Janeiro.
Em 2013 co-realizou com o artista Sama uma série de animação de 13 episódios para o canal Brasil.
Em 2015 realiza e produz o documentário ” Os Cravos e a Rocha”.
Em 2015 co-realiza com o Sama a curta de animação “Motel Sama” para exibição no Canal Brasil.
Em 2016 realizou e produziu filme experimental “ La Luna” que estreou no Festival internacional de cine y vídeo experimental Bideodromo, e realiza a curta em Super 8mm “ Memória, substantivo feminino”
Desde 2010 que realiza e faz a curadoria do Shortcutz Porto ( Festival de curtas-metragens que conta com mais de 200 edições) e desde 2014 que assume a programação do Super 9 Mobile, o primeiro festival português exclusivamente dedicado a filmes realizados com telemóveis.
Atualmente está a finalizar o documentário “ Quem é bárbara Virgínia?” e a desenvolver com a investigadora Paula Sequeiros trabalhos de investigação sobre a Bárbara Virgínia.
Está em fase de escrita e pré produção de um filme sobre “As Novas Cartas Portuguesas” com a Ana Luísa Amaral e a Luísa Marinho.
Trabalhos científicos e de investigação:
Sequeira, Luísa e Sequeiros, Paula. «Bárbara Virgínia, cineasta precursora e artista, de Portugal para o Brasil». Faro: Congresso da Assoc. Portuguesa de Sociologia, 6-8 julho 2016.
Sequeiros, Paula, e Sequeira, Luísa. «Bárbara Virgínia, a forerunner filmmaker: from Portugal to Brazil». Lisbon: Intl. Conference Gender Studies in Debate: Pathways, challenges and interdisciplinary perspectives, 25-27th May 2016.
Sinopse:
25 de Abril de 1974, o iconoclasta cineasta brasileiro Glauber Rocha está em Portugal. Entra no filme colectivo da revolução dos cravos, ”As Armas e o Povo”. Com seu olhar estrangeiro e peculiar, rompe com as regras convencionais do se fazer cinema. Passados 40 anos da revolução voltamos à rua.
“Os Cravos e a Rocha” (foi exibido em vários festivais entre eles; Luso Brasileiro, Indielisboa, Festival de Internacional de Curtas-metragens de São Paulo, NY Portuguese Short Film Festival, Premier Brasil no Festival do Rio de Janeiro, Festival de Belo Horizonte e o Córtex)
Link Trailer:
https://vimeo.com/146103875
Texto do Jorge Campos sobre “Os Cravos e a Rocha”
“A sua participação em As Armas e o Povo (1974), um dos filmes míticos da Revolução de Abril feito por um colectivo do qual faziam parte alguns dos mais importantes cineastas portugueses da altura, não foge a esse registo. “Sem linguagem nova não há realidade nova”, dizia Glauber. De certa forma, é disso que trata o documentário de Luísa Sequeira Os Cravos e a Rocha, no qual o vemos em acção, porventura dando corpo àquilo que é a chave do seu universo, revelada em epígrafe: “A Politica e a Poesia são demais para um só homem”. Eis, então, Glauber a filmar a Revolução em Lisboa. Em boa companhia. António Escudeiro é o seu director de fotografia. Glauber entra e sai de campo. Faz perguntas. Umas mais previsíveis, outras nem tanto. Mas, em qualquer dos casos, elas obedecem ao intuito de não esconder o dispositivo cinematográfico. Sim, trata-se de um filme. As respostas, por vezes, parecem desajustadas à epopeia. A epopeia, porém, é a expectativa do espectador. Glauber finta o engodo. Não há nada de heróico no testemunho da mulher que não tem opinião, mas tem uma família e faz-lhe confusão a enxurrada de coisas contraditórias que lê. No entanto, Glauber está com a Revolução. Sebastianismo? Talvez. Ele conhece, ama, os mitos portugueses: sobressalto, paixão. E lucidez. Luísa Sequeira desenha depois o seu próprio final. Grândola Vila Morena dá um salto no tempo até 2014. É agora Grândola Vila Moderna. O documentário opera a metamorfose da terra da fraternidade em terra da fragilidade. Mas há o índice de um arco do triunfo. A efígie de Salgueiro Maia. Forte e contingente. Glauberiano. Premonitório?“ Jorge Campos