O festival Encontros da Imagem, o segundo festival de fotografia mais antigo do mundo e um dos mais reconhecidos da Europa, anuncia a nomeação do Diretor Pedagógico do IPCI, Vítor Nieves, como novo diretor artístico. A 35.ª edição, que decorrerá entre os dias 19 de Setembro e 2 de Novembro de 2025, terá como tema “Manifestação de Interesse”.
Esta nomeação representa um novo capítulo na história do festival, que em 2024 iniciou uma ruptura com a sua tradição de acumular, na mesma pessoa, as funções de presidência e direção artística. Depois da estreia desta nova abordagem, com a nomeação da curadora finlandesa Elina Heikka no ano passado, os Encontros da Imagem reforçam agora a sua aposta na abertura e internacionalização da direção criativa, com a entrada de Nieves — curador galego profundamente ligado ao tecido artístico português e ibero-americano.
Perfil internacional e ligação intensa a Portugal
Com duas décadas de experiência em projectos transfronteiriços que têm contribuído para estreitar os laços entre a Galiza e Portugal, Vítor Nieves desenvolveu uma parte significativa do seu percurso profissional em território português. É diretor pedagógico do Instituto de Produção Cultural e Imagem (IPCI) desde 2023, onde leciona, entre outras disciplinas, Curadoria no Master em Fotografia Artística.
O seu currículo como curador inclui mais de trezentas exposições e colaborações com festivais como o Imago Lisboa, o f/est Amarante e o Mês da Imagem do Porto (Portugal), Photoalicante, Fòrum Fotogràfic Can Basté e Emotiva (Espanha), ou o Paraty em Foco e os Encontros de Agosto (Brasil), entre outros. Exerceu a direção artística do festival galego Outono Fotográfico entre 2012 e 2017, tendo também comissariado exposições em instituições de referência em Portugal, Espanha e Brasil.
Colaborador de longa data e profundo conhecedor do festival
A relação de Vítor Nieves com os Encontros da Imagem remonta a 2013, tendo desempenhado múltiplas funções ao longo dos anos — jurado, curador convidado, curador júnior e membro da equipa de produção. A sua experiência acumulada faz dele um profundo conhecedor da identidade e evolução do festival, ao qual regressa agora com uma visão ampla e crítica.
Uma curadoria de curadorias para um festival na meia-idade
A edição de 2025 celebra os 35 anos dos Encontros da Imagem sob o tema “Manifestação de Interesse”, um título que convida à reflexão sobre o percurso, o legado e os caminhos futuros do festival. Para Vítor Nieves, a direcção artística é encarada como “uma curadoria de curadorias”, orientada por uma abordagem investigativa e contra-narrativa, que propõe uma prática colaborativa, horizontal e rizomática da curadoria.
Entre os seus principais objetivos, destaca-se a vontade de programar para públicos diversos — incluindo aqueles fora da esfera da arte —, reabilitar práticas fotográficas que há muito deixaram de ter espaço nos circuitos institucionais, impulsionar a criação de novas experiências expositivas em detrimento da mera reprogramação de mostras, e estreitar os laços entre o festival e o seu contexto local, regional e nacional.
Três programas curatoriais para um tema plural
A edição de 2025 será estruturada em três programas complementares:
- Dissidências: uma exploração ampla e crítica das novas práticas fotográficas, destacando artistas que rompem com as convenções, expandem os limites do medium e propõem outras narrativas visuais.
- Argumentários: um olhar interno e autorreflexivo sobre o próprio festival, recuperando memórias e histórias que escapam ao registo oficial e reafirmando o valor da continuidade, da identidade e do impacto cultural do evento.
- Transições: um programa ancorado nas identidades locais e nas chamadas “novas ruralidades”, promovendo o diálogo entre o festival e o seu território — Braga e a região — enquanto espaço criativo, habitado e em transformação.
Festival como espaço de conhecimento, justiça e proximidade
Na visão de Vítor Nieves, os Encontros da Imagem devem continuar a ser um espaço de produção de conhecimento e pensamento crítico, ao mesmo tempo que se comprometem com a justiça histórica para com criadores, criadoras e temáticas sistematicamente negligenciadas — não só na história do festival, mas também no contexto mais amplo da fotografia portuguesa e internacional.
Ao convocar artistas consolidados e novas gerações, escolas, academias e comunidades, a edição de 2025 propõe-se a ser um momento de convergência, experimentação e escuta, reforçando a missão dos Encontros da Imagem como plataforma de relevância global com raízes firmes no território.